
Quando a causa é boa, a intenção é ainda melhor. Foi com esse espírito que, no passado dia 23 de Julho, Sábado, me dirigi ao Bunker, em Braga, para um concerto cujas receitas revertiam a favor de uma pessoa que se encontra a passar por dificuldades.
Confesso que nunca tinha tido a oportunidade de ir ao Bunker. Devo também dizer que a surpresa foi… bem, uma grande surpresa. No exterior, o Bunker tem uma área excelente para convívio e descontracção. No interior tem… pouca área. Se eu pensava que o Metalpoint, no Porto, era pequeno, entrar no Bunker com uma sala com metade do tamanho da do Metalpoint não era bem o que estava à espera. A limitação do espaço criou outras sinergias que fizeram despoletar o verdadeiro espírito do underground. A inexistência de palco permitiu uma interacção das bandas com o público muito mais intensa, misturando-se, por vezes, músicos com espectadores.
Cinco bandas compunham o cartaz. A disparidade de estilos sonoros era grande, mas todos eles alinham pelos mesmos ideais e espírito.
Aos Chaos Ritual, de Barcelos, couberam as honras de abertura. Com o seu heavy stoner começaram a acelerar uma plateia que não descansou até ao final de todos os concertos. A segunda dose de stoner seria trazida pela mão dos bracarenses Mr. Mojo que, como sempre, debitaram uma prestação de alto nível, não se deixando intimidar pelas condições do local.
De Guimarães, cidade vizinha, chegaram pela primeira vez a Braga os Toxik Attack. O stoner deu, assim, lugar ao thrash old-school deste jovem grupo que, devo confessar, me surpreendeu. A energia demonstrada foi contagiante e ficou a vontade de os conhecer melhor.
Uma alteração na ordem das bandas antecipou a actuação dos Vai-te Foder. A prata da casa voltou a fazer das suas e pôs a sala num tal alvoroço que, não fosse o respeito e atenção do público, da forma que moshavam certamente teriam levado banda e instrumentos à frente. Como referiu o Morcego, baixista dos Vai-te Foder, «foi um concerto bastante bravo».
Depois de tal descarga de adrenalina, e apesar do calor intenso que se sentia dentro da sala, o público recebeu os Aggrenation com toda a anergia e mantiveram-se à altura da intensidade do crust debitado por este trio sueco.
Foi assim que, sem nos darmos conta, chegámos às 4 da manhã, numa noite de calor, que se tornava amena para aqueles que saiam da sala depois dos concertos.
Apesar de todos os males do Bunker – o ser pequeno, ter um tecto baixo, ser um inferno para tirar fotografias e acumular calor abrasador – devo dizer que me conquistou e que espero lá voltar sempre que tiver oportunidade.