
A cidade
Leiria, capital de distrito, é uma cidade acolhedora que vive muito do seu centro citadino cruzado pelo rio Lis. É uma cidade barata em termos de estadia e restauração, mas que mantém os padrões altos; por lá encontramos pessoas simpáticas, dispostas a ajudar e que até já se habituaram às centenas de góticos que por lá passam em Agosto. Leiria tem um centro arejado com jardins e praças onde os turistas e moradores almoçam e bebem um copo à sombra ou mesmo ao Sol. Para além do castelo (já lá vamos), a cidade ostenta a sua Sé e não podemos sair de lá sem provar o saboroso pastel Brisa do Lis.
O Castelo, local do festival
O Castelo de Leria é um monumento milenar que magnificamente acolhe o Entremuralhas. Conhecido pelos seus arcos, este castelo foi edificado ainda antes de existir Portugal e ficou marcado na História pela estadia do Rei D. Dinis. Sempre com o seu ar antigo, o município mantém o castelo acessível e airoso para receber os milhares de visitantes que por lá passam todos os anos.
O ambiente
Dividido em três palcos, o festival Entremuralhas une a música etérea, dark folk, darkwave, post-punk, goth rock e electrónica. A Igreja da Pena, onde se realizam os dois primeiros concertos de cada dia, comprime as centenas de festivaleiros em quatro paredes despidas de telhado, e mesmo que lá não actuem os cabeças-de-cartaz, este recanto é, sem dúvida, um dos sítios mais interessantes do evento. Por toda a parte caminham góticos, metálicos, curiosos e crianças num castelo completamente aberto a quem for ao festival. Não faltam as bancas com discos e roupas, e cá em baixo deliciamo-nos com o famoso porco-no-espeto que origina longas filas – mas os vegetarianos não são esquecidos, pois têm também as suas ofertas. À medida que a luz do Sol se vai, também os festivaleiros vão descendo até que a noite acaba sempre com concertos de música electrónica já no ‘rés-do-chão’ do castelo. Em cada canto há uma saia folhada, um corpete apertado, umas calças justas, umas botas grossas, uns olhos delineados pelo lápis negro, uma conversa romântica e uma cerveja na mão. Quando acaba quer-se que recomece.
O cartaz
Dentro do panorama gótico, o Entremuralhas sempre foi muito ecléctico, pois, como atrás referido, abrange vários géneros musicais que circundam o estilo. Fazendo referência a apenas algumas bandas, começamos por Grausame Töchter, um octeto liderado pela provocadora Aranea Peel. Com as “Irmãs Cruéis” faremos uma viagem insana pelo EBM, industrial e punk que se actualiza com o mais recente álbum “Vagina Dentata”. King Dude visitará o nosso país pela terceira vez e por toda a Europa já tem uma devota legião de fãs que segue o seu country/folk luciferiano com reminiscências dum Johnny Cash toldado pelos amores perdidos. Os Sex Gang Children são a ala da velha-guarda e, com a formação original, vão trazer-nos o seu batcave roqueiro para deleite dos velhos e dos novos – todos vão querer ouvir “Mauritia Mayer”. Os vizinhos Har Belex são, ao lado dos Sangre de Muerdago, os porta-estandartes do neofolk espanhol cantado na sua língua, em basco, em inglês e até em alemão. Entre guitarras acústicas e violoncelos, vamos ouvir o passado com palavras que contam o presente. Os nórdicos Kite cingem-se a EPs e cada lançamento é uma prova ganha no campo do synthpop contemporâneo, algo que fará dançar e sonhar todos os festivaleiros presentes no Castelo de Leiria. Finalmente, nesta lista selectiva, os Die Krupps são provavelmente, a par dos Laibach (em 2015), o nome mais imponente a visitar Leiria. Formados em 1980, os portugueses tiveram que esperar 36 anos pela vinda do grupo alemão que de velho só tem mesmo a idade. Comummente citados ao lado de ícones como Kraftwerk e Einstürzende Neubauten, os Die Krupps são conhecidos pelas suas incursões industriais e EBM que, muitas vezes, abraçam a sonoridade metal.

Info oficial AQUI.